Sérgio Lorran Figueiredo
Nas últimas semanas temos visto a classe musical brasileira dividida, após a decisão do STF, sobre a não obrigatoriedade de filiação à Ordem dos Músicos do Brasil. Uns são a favor de seu fim, argumentando que sua história de representatividade musical é nula, que a entidade não trabalhou como deveria, em favor dos músicos. A ela são atribuídas denúncias de corrupção e práticas nada ortodoxas por parte de seus dirigente e grupos resolutos, que a história mostra, estão à décadas na direção da entidade, sem renovação das cadeiras e nem das políticas adequadas à representação contundentemente do músico.
Em outra ponta dessa corda estão aqueles que, apesar de reconhecer o desmantelo existente no órgão, acreditam no formato “Ordem”, e têm o entendimento de que a desregulamentação da profissão é um total retrocesso em se tratando de conquistas de direitos trabalhistas e entidades de classe. Acreditam, ainda, que a OMB como instituição, não deveria morrer, e sim ser revitalizada e moralizada, a começar pela reformulação na Lei 3.857/60, que regulamenta a profissão de músico e que hoje se encontra caduca, e não representa na integridade os anseios da classe. Acreditam que a referida lei como está hoje, garante aos maus dirigentes recursos legais para permanecer à frente da instituição com mãos de ferro. Ilegal? Não! Imoral? Com certeza! E dentro da suposta “legalidade”, lá se vão anéis e dedos – patrimônio suado dos músicos.
Esse mesmo grupo acredita que são mecanismos de solução: a destituição de toda a diretoria e conselho a frente da instituição; fim da condição de músico prático (que é visto por muitos como apenas forma de se fazer caixa, uma vez que ele paga para pertencer a entidade, porém o mais importante: não tem direito a voto e escolha dos representantes na OMB), e imediatas eleições com possibilidade de votação para toda a classe musical, sem distinção de músico prático ou profissional – o segundo poderia votar estando em dia com a anuidade.
Apenas a nível de esclarecer essa questão de “formato”, a classe fica ainda mais pulverizada em ideologia de representatividade quando o assunto vem a baila. Parte dos músicos acredita que o formato adequado é o de “Sindicato de Músicos”, parte acredita em “Associação de Músicos”. Tem aqueles que simpatizam com o formato “Cooperativa de Músicos” e, há aqueles que vêem no formato “Ordem dos Músicos” a solução, a exemplo do sucesso da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, entidade octagenária, estruturada e respeitada nacional e internacionalmente.
O assunto é tão polêmico e delicado que muitos têm receio de expor sua opinião sobre qual formato de representação apóia e acredita, pois se instalou no cenário um tipo de segregação separatista entre aqueles que declaram sua escolha. Em sua forma mais extrema, vêm acontecendo difamações que são dirigidas a todos que têm um entendimento de que o formato “Ordem” ainda é a melhor opção de representação. Porém, apesar de muito se ouvir sobre interesses escusos atribuídos a um ou a outro grupo, nada disso se sustenta, sendo apenas argumentação vazia, e não verdade.
Polêmicas a parte, o fato é que estão todos no mesmo barco e esse comportamento só reforça o que sempre se ouviu: O músico é desunido, virando campo fértil para se plantar interesses completamente alheios à classe. E ai entra uma pergunta que não quer, não pode e não vai calar: A quem interessa essa desunião e essa desregulamentação da profissão?
Aqui poderíamos discorrer várias vertentes de interesses, mas como no Brasil o sensacionalismo é iminente e os grandes acontecimentos são a mola mestra que move bilhões de dólares, enchendo os bolsos da classe dominante, seja ela em qualquer circulo de interesses, podemos apenas, para não nos estendermos mais, lembrar que bate às portas da “caixa forte do Tio Patinhas brasileiro”, uma tsunami de dinheiro, cujo epicentro, chama-se Copa do Mundo de 2014.
Nesse contexto, com uma vara bem curtinha, esse modesto jornalista que vos fala, irá cutucar uma enorme onça brava. Assistam: sem regulamentação e sem órgão de proteção que fiscalize a exploração de serviços musicais, uma vez que esses serviços atenderão a um enorme contingente de turistas e pessoal de mídia, que adentrará o país, se instalará a informalidade na profissão, contratos abusivos e assim, ficará o músico à mercê de aventureiros “irmãos metralha” e toda a sorte de exploração de mão de obra a preços vergonhosos e lucros altíssimos. Altíssimos não! Super altíssimos! Não, hiper altíssimos! Que nada! Mega altos, giga altos! Estratosféricos! E o salário do músico? Ó, o tamanico.
Enquanto isso... na cidade de Patópolis... Huguinho, Zezinho e Luizinho tocam um violãozinho, cantam...
English version by google
In recent weeks we have seen the class divided into Brazilian music, after the Supreme Court's decision on the non-mandatory membership in the Order of the Musicians of Brazil. Some are in favor of his order, arguing that its history of musical representation is null, the entity has not worked as it should, on behalf of musicians. To her are attributed allegations of corruption and unorthodox practices by their group leader and resolute, that history shows, are the decades in the direction of the entity, without renewal of the chairs of appropriate policies and not to forcefully represent the musician.
At the other end of this rope are those who, while recognizing existing disrepair in the body, believe in the "Order" and have the understanding that the deregulation of the profession is a totally backwards when it comes to labor rights and achievements of entities class. Still believe that the OMB as an institution, should not die, but be revitalized and moralized, starting with the reformulation of Law 3.857/60, which regulates the profession of musician and which is now obsolete, and does not represent the integrity expectations of the class. They believe that the law as it stands today, bad leaders to ensure legal recourse to stay ahead of the institution with an iron hand. Illegal? No! Immoral? Absolutely! And within the so-called "legality," there are going to ring and fingers - the musicians sweat equity.
This same group is believed that settlement mechanisms: the removal of the entire board and the front board of the institution, so the condition of music practice (which is seen by many as just a way to raise cash because it pays to belong the entity, but more importantly, has no right to vote and choose the representatives of OMB), and possibility of immediate elections to vote for the entire class of music, regardless of practical or professional musician - the vote could be in the second day with annuity.
Just to clarify at this question of "form", the class is further pulverized into an ideology of representation when it comes to the fore. Some of the musicians believe that the proper format is "Musicians Union" party believes in "Association of Musicians." There are those who sympathize with the format "Cooperative Musicians" and there are those who see in the "Order of the Musicians" the solution, as the success of OAB - Order of Lawyers of Brazil, octagenária entity, structured and respected nationally and internationally .
The subject is so sensitive and controversial that many are afraid to expose your opinion on which format of representation supports and believes it has installed itself on setting a separatist kind of segregation between those who declare their choice. In its most extreme form, have been going on defamation that are addressed to all who have an understanding of the format "Order" is still the best option for representation. However, although much to hear about vested interests assigned to one group or another, none of this is sustained, with only empty arguments, not true.
Controversy aside, the fact is they are all in the same boat and this behavior only reinforces what we always heard: The musician is disunited, turning fertile ground for planting interests completely unrelated to the class. And here comes a question that can not, can not and will not shut up: Who cares that this disunity and deregulation of the profession?
Here we discuss various aspects of interest, but as sensationalism in Brazil is imminent and major events are the driving force that moves billions of dollars lining the pockets of the ruling class, be it in any circle of interests, we can only, not to to dwell more, remember that knocks at the door of the "safe Scrooge's Brazilian," a tsunami of money, whose epicenter is called the World Cup in 2014.
In this context, a very short stick, this modest journalist who speaks to you will poke a huge upset oz. Watch, unregulated and without protection agency that oversees the operation of music, since these services will meet a huge number of tourists and media personnel, who enter the country, it will settle informality in employment, contracts and so abusive , the musician will be at the mercy of adventurers "Beagle" and all sorts of exploitation of labor in shameful prices and profits soaring. Not very high! Super very high! No, hyper very high! Nothing! Mega high, high gig! Stratospheric! And the wages of a musician? O Taman.
Meanwhile ... in the city of Duckburg ... Huey, Dewey and Luizinho violãozinho a play, sing ...
Pois assim já é meu velho amigo Lorran, este tipo de coisa citada acima ocorre a muito, basta se dar uma espiadinha no Diário Oficial (área cultural) que vai encontrar os exemplos mais efetivos. Como disse anteriormente, e repito, é preciso reestruturação, reorganização dos preceitos que foram desgastados com o passar dos anos, a solução será colocar ordem na Ordem.
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